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 IBBR - MEC - EBD FORUM EDUCAÇÃO Aula 1 APOLOGÉTICA MORAL COSMOVISÃO CRISTÃ MUDANÇAS ÉTICAS SOCIEDADE
 


 

DOMINGO, 15 DE JANEIRO DE 2017 - 20 MIN

APOLOGÉTICA MORAL : A COSMOVISÃO CRISTÃ E AS MUDANÇAS ÉTICAS NA SOCIEDADE

1. INTRODUÇÃO

Nos últimos 50 anos a sociedade, especialmente a do mundo ocidental, vem experimentando mudanças na área da moralidade sexual numa profundidade e intensidade inéditas em toda a história da humanidade. E o ritmo das mudanças parece estar crescendo nos anos recentes. Em apenas uma geração, uma agenda repleta de novidades foi implementada, ganhando a adesão das pessoas, prestígio acadêmico, aprovação nas pesquisas de opinião, apoio de lideranças religiosas e, não menos importante, amparo legal. Em muitos países ocidentais, de maioria cristã inclusive, ocorreu: legalização do ABORTO, regulamentação do CASAMENTO ENTRE PESSOAS DO MESMO SEXO e, mais recentemente, amplas discussões sobre a adoção da IDEOLOGIA DE GÊNERO nas escolas, tiveram lugar no seio da sociedade.

Quais são as forças que mobilizaram a sociedade nesse sentido?

Na discussão que se segue será enfatizada a questão do casamento entre pessoas do mesmo sexo, como um problema que parece ser mais imediato e cujas consequências podem ser muito danosas para sociedade como um todo.

2. SITUANDO O PROBLEMA

Em primeiro lugar é preciso dizer que o problema não é novo. A prática homossexual, entre homens, era difundida em todo o mundo antigo. Aristóteles, o filósofo grego, louvava o ato sexual entre homens como mais sublime do que o convencional, praticado entre o homem e sua mulher. Também no Japão, desde o período arcaico até o feudal, havia ampla aceitação. Foi exatamente a difusão dos princípios judaico-cristãos, levada pela expansão do cristianismo, que fez com que essa prática, antes aceita, passasse a sofrer ampla condenação. Coincidência ou não, é só agora, quando regride a influência da ética cristã na esfera pública, que a questão volta com toda força.

Outro ponto importante é a necessidade de distinguir entre o que é legal, conforme as leis do país, e o que é moral à luz da Bíblia. Existem várias práticas que não são consideradas ilegais, mas são condenadas pela Bíblia, por exemplo: o adultério, a embriaguez, a maledicência, dentre outros. É nesse contexto que se insere a prática homossexual.

À luz da Bíblia, a prática homossexual é pecaminosa, nem mais nem menos do que o adultério, a corrupção e o alcoolismo, por exemplo, pois envolve a degradação do corpo de quem pratica, e afeta as demais pessoas no entorno dos envolvidos.

Urge trazer a prática homossexual para o “mundo da normalidade dos demais pecados”, assim como é urgente combater o preconceito e o estigma que cercam o homossexual, caso a igreja queira ser capaz de oferecer acolhimento e cura para aqueles que almejam ser libertos. Pode parecer contraditório, mas é essa postura que dará base à igreja de Cristo para contestar a versão corrente que considera, a atração por pessoas do mesmo sexo, um impulso irresistível. Mesmo entre cristãos evangélicos praticantes (eh, meus queridos, já existe a categoria do cristão evangélico não-praticante. Eu mesmo conheço alguns), são pouquíssimos os que acreditam que o gay/lésbica pode mudar sua orientação sexual. Ora se o adúltero, o maledicente e o alcoólatra podem ser libertos e santificados pelo poder do Evangelho de Cristo, por que não aquele que sente atração por pessoas do mesmo sexo??? É só porque tratamos o impulso homossexual como uma excepcionalidade, quando na verdade ele não é.

Mas, alguém poderá perguntar, se a prática homossexual é antiga e se é “apenas mais um pecado”, assim como tantos outros, a que os seres humanos são susceptíveis, os quais a igreja sempre condenou, por que a questão vem despertando tanto interesse ultimamente? A grande ameaça é a regulamentação legal do casamento entre pessoas do mesmo sexo, que pode simplesmente acabar com o conceito de família, conforme conhecemos.

A família tradicional, constituída pelo homem e sua mulher, é a mais antiga instituição de que se tem notícia. Ela existe antes de qualquer de religião e muito antes do estado moderno. O que a sociedade ocidental está prestes a fazer é remover um pilar básico, como esse, para satisfazer aos caprichos de uma fração absolutamente minoritária da população. A implicação pode ser a seguinte: se família já não for mais constituída por um homem e sua mulher, mas puder ser formada por dois homens ou duas mulheres, pergunto eu: por que só dois? Por que não três homens ou cinco mulheres? Por que não entre um homem e a cabritinha pela qual ele é apaixonado? Por que não entre uma mulher e seu animal de estimação?

Alguém pode pensar que eu estou exagerando. Tomara que eu esteja. Mas pensem comigo: no ano 1963, há pouco mais de 50 anos, Leila Diniz escandalizou o país por usar biquíni com a gravidez já bem adiantada. Olha quanto os costumes se alteraram em pouco mais de uma geração! Se naquela época alguém cogitasse o casamento entre pessoas do mesmo sexo, certamente não seria levado à sério.
E mesmo que tal cenário extremo não se concretize, é rematada loucura remover um fundamento, tão essencial quanto a família, para, afinal, atender a uma minoria.

3. O CONTEXTO DA REVOLUÇÃO SEXUAL

O contexto que criou condições propícias para a revolução sexual é complexo e resulta de um emaranhado de fatores. Na discussão que se segue será feita uma explanação das mudanças conceituais no ambiente externo à igreja e, em seguida, algumas percepções do fermento que já existe no ambiente interno.

3.1. O Ambiente Externo

É preciso considerar que uma mudança comportamental, da abrangência da revolução sexual, não ocorre apenas porque o cenário é propício. Tal mudança ocorre porque existem formuladores de uma nova ordem, que, numa verdadeira obra de engenharia social, se propõem a fomentar diuturnamente os novos costumes.

Assim é que a comunidade dedicada à promoção da causa gay tem usado mecanismos de propaganda, de lobby e de pressão altamente eficazes. Para se ter uma ideia, até o final dos anos de 1960, a Sociedade Médica dos Estados Unidos considerava o homossexualismo como uma patologia de ordem mental. Foi por pressão da comunidade gay, que esse dispositivo foi removido. No Brasil, e em outros países, é proibido a qualquer profissional da área de saúde disponibilizar ajuda a quem queira se livrar de seus impulsos homoeróticos, mesmo que solicitado.

Da mesma forma, eles abusam de uma retórica, na qual a luta pelos direitos dos gays é comparada com o movimento pelos direitos civis dos negros. É o velho jargão marxista da lógica oprimido/opressor, na qual os gays são os oprimidos. Velho sim, mas ainda muito eficaz.
Isto posto, isto é, conscientes do trabalho incansável dos formuladores da revolução sexual, pode-se considerar os seguintes fatores como aqueles que fertilizaram o solo, sobre o qual foram depositadas as sementes desta revolução:

O desenvolvimento de filosofias de vida não-religiosas e ateístas: na esteira do iluminismo vieram outras abordagens que exerceram influência duradoura, dentre elas se destacam: o marxismo, a teoria da evolução da Darwin, as ideias de Freud, o positivismo e o existencialismo. Essas ideias solaparam a influência da Bíblia. Lançaram dúvidas. Minaram o terreno. Tiraram a credibilidade da mensagem cristã. Sem esse pano de fundo, seria impossível engendrar uma formatação comportamental da envergadura da revolução sexual.

Ainda hoje a influência desse aparato conceitual se faz sentir. A destruição da família, como último bastião da moral burguesa, é um dos objetivos declarados do movimento denominado Marxismo Cultural da Escola de Frankfurt. Cá prá nós, não soa estranho que aqueles que durante anos vociferaram contra o casamento e a família, considerando-os como instituições fracassadas, sejam exatamente aqueles que, agora, querem o casamento gay?

Outra importante influência nefasta desse ideário é que podemos chamar de Laicismo. Guilherme de Carvalho explica, da seguinte forma, a diferença entre laicidade e laicismo:

“Laicidade é o reconhecimento de que o estado não é confessional, e por isso não pode promover uma religião. Podemos tratar a laicidade como uma categoria política, nesse sentido. Que o estado se exima de promover qualquer projeto espiritual. Laicismo, por outro lado é secularismo. E o secularismo não é meramente um conceito político; é um projeto cultural muito mais amplo do que a política, e que entra em choque com as religiões tradicionais exatamente porque oferece uma alternativa espiritual. Se não fosse uma alternativa, não entraria em choque. Se entra em choque, é concorrência. É do mesmo tipo. Pelo bem comum é essencial que os religiosos protejam o estado de elementos radicais que desejam abusar da política para fazer engenharia social e reeducar a consciência moral da sociedade. Se os secularistas querem promover sua agenda, que construam suas próprias igrejas”.

A rápida urbanização: o fenômeno da migração em massa do campo para as grandes cidades aconteceu, na maioria dos países, ao longo do sec. XX, principalmente depois dos anos 50. Esse processo permitiu às pessoas experimentar a privacidade, e porque não dizer, o anonimato que a vida nas grandes cidades oferece, longe do estrito controle social exercido em pequenas cidades ou em pequenas comunidades agrárias.

As novas tecnologias: a introdução das novas tecnologias de comunicação, ao longo da última década, permitiu a aproximação de pessoas e a difusão de ideias em tempo real. Por mais maluca que seja a ideia, a pessoa sempre vai encontrar, na grande rede, outras que pensam e sentem como ela.

A crise do elemento masculino: a masculinidade, antes tão cultuada, até mesmo em filmes de Hollywood, é hoje uma característica rejeitada. Acossado pelo avanço do feminismo e por um aparato legal cada vez mais ameaçador o homem pós-moderno é um sujeito em crise.

A desestruturação familiar: a banalização do casamento, com a universalidade do fenômeno do divórcio, tem levado à desestruturação familiar. Famílias disfuncionais, nas quais os filhos são criados sem referências fortes dos pais, sobretudo do elemento masculino, são propícias à formação de pessoas desequilibradas, inclusive no que tange ao comportamento sexual.

A emergência do pós-modernismo: a falência do projeto iluminista em fornecer uma descrição definitiva e unificada do mundo que nos rodeia, deu origem ao pós-modernismo, que é um movimento que desafia a perspectiva intelectual moderna. O pós-modernismo se caracteriza por não possuir uma cosmovisão. Todos os paradigmas são igualmente válidos, porque nenhum deles é realmente válido. Não existem verdades e nem realidade objetiva. Ao invés de conhecimento, interpretação. O pós-modernismo valoriza o local, a construção conceitual a partir da realidade local. As contradições e a crescente polarização são sintomas da assimilação, da parte de um número cada vez maior de pessoas, de um modo de ser pós-moderno. O homem pós-moderno é, como diz o poeta popular, uma metamorfose ambulante. No âmbito da revolução sexual, a visão pós-moderna propiciou o surgimento da denominada ideologia de gênero.

3.2. O Ambiente Intramuros da Igreja

A igreja é uma espécie de microcosmo dentro da comunidade maior, que é a sociedade na qual está inserida. Na medida em que as mudanças conceituais ocorrem no seio da sociedade, algumas delas são permeadas para dentro da igreja, quer ela esteja consciente ou não. No contexto da revolução sexual, algumas nuvens preocupantes se desenham no horizonte. São elas:

A mutação conceitual do significado do casamento: após longos anos de uma intensa campanha de propaganda, não intencional creio eu, da parte dos filmes de Hollywood, dos romances e das novelas, o conceito bíblico do casamento já não é mais, na mente de muitos crentes, o da aliança entre duas pessoas, um homem e uma mulher, que se propõem a viver em fidelidade e apoio mútuo, por toda a vida. Encenando, assim, uma poderosa parábola do amor de Deus, da aliança de Deus com o ser humano, entre Cristo e sua igreja. Enfim, mistério, como nos diz o apóstolo Paulo. Na mente de muitos jovens cristãos sinceros e bem intencionados na Fé, o casamento se transformou em um projeto hedonista, voltado para os ideais de satisfação do próprio homem. Em outras palavras, o casamento perdeu o sentido da transcendência, para se transformar em mero contrato social, como outro qualquer. O ato sexual deixou de ser o símbolo da fusão entre dois corpos que se fundem para ser uma só carne, tornando-se apenas um mecanismo de satisfação de desejos carnais. É exatamente isso que explica as estatísticas explosivas no número de divórcios entre casais crentes, não muito diferentes da população em geral. Com esse aparato conceitual, francamente vai ficar difícil para as futuras gerações encontrarem argumentos para resistir à onda do casamento entre pessoas do mesmo sexo. É urgente que a igreja recupere, junto à sua membresia, o modelo bíblico do casamento como aliança.

A adesão de lideranças religiosas: a indiferença, em alguns casos, e a adesão declarada de algumas lideranças religiosas aos ideias da revolução sexual certamente será usada pelos seus promotores, como peça de marketing, como também acabará por trazer confusão e desinformação para o povo crente. Qualquer pessoa pode acessar na internet falas do Edir Macedo se posicionando favoravelmente ao aborto e manifestando indiferença quanto aos avanços da agenda gay em nosso país. Infelizmente ele não é um caso isolado.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

Blog Guilherme de Carvalho: O estado que promove a secularização não é laico; é secularista
MOHLER Jr. A. We Can Not Be Silent: Speaking Truth to a Culture Redefining Sex, Mariage... Kindke Edition. 2015.
HELLERN, V.; NOTAKER, H.; GAARDER, J. – O Livro das Religiões. Cia das Letras. 1989.
GRENZ, S. J. – Pós-modernismo. Um Guia para Entender a Filosofia no Nosso Tempo. Edições Vida Nova. 1997.
COPPENGER, M. – Moral Apologetics for Contemporary Christians. B&H Studies in Christian Ethics. B&H Academics. 2011.

25/01/2017