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Parusia

A palavra Parusia vem do grego “parousia” que significa uma “presença, chegada ou
visita”. Designa, o Novo Testamento, a volta gloriosa de Nosso Senhor Jesus Cristo ao fim do mundo, para julgar os vivos e os mortos.

Parusia, verdade de fé

Nosso Senhor Jesus Cristo voltará. Anunciaram os anjos no próprio dia da Ascensão: “Este Jesus que, separando-se de vós, foi arrebatado ao céu, virá do mesmo modo que o vistes ir para o céu” (At 1:11).
Diferente de sua primeira vinda, humilde e desconhecida, a segunda vinda do verbo encarnado será solene e gloriosa. Virá “... na glória de seu Pai com os santos anjos” (Mc 8:38); “Com todos os seus santos” (1 Ts 3:13), “com grande poder e majestade” (Mt 24, 30); “em uma chama de fogo” (2 Ts 1:8); “no trono da sua majestade” (Mt 19:28). Também se sabe que “aparecerá o sinal do Filho do Homem no céu” (Mt 24:30).

O TEMPO DA PARUSIA

A segunda vinda do Messias será um momento menos evidente. Várias passagens da Sagrada Escritura dissuadem quem queira determiná-lo: “Mas, quanto àquele dia e àquela hora, ninguém sabe, nem os anjos do céu, mas só o Pai” (Mt 24:36). Será um acontecimento súbito e imprevisível: “Assim como o relâmpago sai do oriente e se mostra até ao ocidente, assim será também a vinda do Filho do homem” (Mt 24:27); “como um ladrão virá o dia do Senhor” (2Pe 3:10).
Por isso Nosso Senhor Jesus Cristo convida todos os homens, presentes e futuros, à vigilância: “Vigiai, pois, porque não sabeis a que hora virá o vosso Senhor. Mas sabei que, se o pai de família soubesse a que hora havia de vir o ladrão, vigiaria sem dúvida, e não deixaria minar a sua casa. Por isso estai vós também preparados, porque não sabeis a que hora virá o Filho do Homem” (Mt 24, 42-44).

Portanto, não será supérfluo, e inclusive contra a vontade divina, discorrer sobre os possíveis sinais da Parusia?
Poderia ser assim, se a própria Sagrada Escritura não nos proporcionasse certos sinais, por onde se pode conjeturar de algum modo a maior ou menor proximidade do desenlace final. Por conseguinte, não nos é proibido examinar esses sinais, porém, é preciso ter em conta que são muito vagos e abstratos, e prestam-se a grandes confusões, sobretudo pelo caráter evidentemente metafórico e ponderativo de muitos deles.
Reunamos, pois, esses sinais, guardando-nos bastante de chegar a conclusões demasiado concretas e simplistas. “A única coisa certa neste assunto tão difícil e obscuro é que ninguém absolutamente nada sabe: é um mistério de Deus”.

OS PRINCIPAIS SINAIS PRECURSORES DO FIM DO MUNDO

1. A pregação do Evangelho em todo o mundo.

O próprio Jesus Cristo disse a seus Apóstolos: “Será pregado este Evangelho do reino por todo o mundo, em testemunho a todas as gentes; e então chegará o fim” (Mt 24:14); “Ide por todo o mundo, pregai o Evangelho a toda a criatura” (Mc 16:15) e “Me sereis testemunhas em Jerusalém, e em toda a Judéia, e na Samaria, e até às extremidades da terra” (At 1: 8).
O que se não deve entender no sentido de que todos os povos se converterão ao cristianismo, senão unicamente que o Evangelho se propagará suficientemente por todas as regiões do mundo, de maneira que todos os homens que queiram possam converter-se a ele. Tampouco se pode dizer que o fim do mundo virá imediatamente depois que o Evangelho haja chegado aos confins da terra, mas apenas que não sobrevirá antes disso.

2. A apostasia universal da fé cristã.

Disse Jesus Cristo e repetiu-o Paulo: “E levantar-se-ão muitos falsos profetas, e seduzirão muitos. E, por causa de se multiplicar a iniquidade, se resfriará a caridade de muitos” (Mt 24:11-12); “Mas, quando vier o Filho do homem, julgais vós que encontrará fé sobre a terra?” (Lc 18:8); “Ninguém de modo algum vos engane: porque isto não será sem que antes venha a apostasia quase geral dos fiéis, e sem que tenha aparecido o homem do pecado, o filho da perdição” (2 Ts 2:3).

Essa apostasia da fé não será total e absoluta em todo o gênero humano, já que a Igreja não pode perecer. Contudo, é difícil precisar seu verdadeiro alcance e significação.

Alguns teólogos interpretam-na no sentido de que a maioria das nações e povos, como sociedades políticas, renunciarão ao cristianismo, de forma que os princípios, leis, escolas, organização familiar e, em geral, toda a vida pública, serão contrários às normas da fé.

Ao mesmo tempo, a vida individual da maior parte dos homens será levada por vias contrárias ao cristianismo, conquanto nunca faltarão de todo almas sinceras que conservarão sem mácula o espírito cristão até o fim dos séculos. Essa perda generalizada da fé será, então, a preparação e a obra da vinda do Anticristo.

3. A conversão dos judeus.

Em contraste com essa apostasia quase geral verificar-se-á a conversão de Israel anunciada por Paulo: “Eu não quero, irmãos, que vós ignoreis este mistério, isto é que uma parte de Israel caiu na cegueira até que tenha entrado na Igreja a plenitude dos Gentios, e assim todo o Israel se salve, como está escrito: Virá de Sião o libertador, e afastará a impiedade de Jacó” (Rm 11:25-26). Também profetizou-a Oséias: “Os filhos de Israel estarão durante muitos dias sem rei e sem príncipe, sem sacrifício e sem altar (...); e, depois disto, os filhos de Israel voltarão, e buscarão o Senhor seu Deus, e Davi, seu rei; e, no fim dos tempos, olharão com respeitoso temor para o Senhor e para os bens que ele lhes terá feito” (Os 3:4-5).
Quando se realizará essa volta de Israel à verdadeira fé, em que medida e proporção e com quais manifestações externas? Eis outros tantos mistérios que absolutamente ninguém pode aclarar.

4. A vinda do Anticristo

A palavra “Anticristo” significa literalmente “contra Cristo” e tem duas acepções distintas na Sagrada Escritura.
Pode designar qualquer manifestação do espírito anticristão, adverso a Nosso Senhor Jesus Cristo: o pecado, a heresia, perseguição etc. Neste sentido João diz: “Já agora há muitos Anticristos” (1Jo 2:18).

Mas, em seu sentido próprio, a palavra “Anticristo” designa uma pessoa inimiga de Nosso Senhor Jesus Cristo e da Igreja, que aparecerá ao fim do mundo.
Segundo esta acepção, falam os apóstolos João e Paulo nos textos seguintes: “Ouvistes dizer que o Anticristo vem (...) Este é um Anticristo, que nega o Pai e o Filho” (1Jo 2:18-23); “Ninguém de modo algum vos engane: porque isto não será sem que antes venha a apostasia quase geral dos fiéis, e sem que tenha aparecido o homem do pecado, o filho da perdição, o qual se oporá a Deus, e se elevará sobre tudo o que se chama Deus, ou que é adorado, de sorte que se sentará no templo de Deus, apresentando-se como se fosse Deus. (...). E vós agora sabeis o que é que o retém, a fim de que seja manifestado a seu tempo. Porque o mistério da iniquidade já se opera, somente que aquele que agora o retém, retenha-o até que seja tirado do meio. E então se manifestará esse iníquo (a quem o Senhor Jesus matará com o sopro da sua boca, e destruirá com o resplendor da sua vinda); a vinda dele é por obra de Satanás com todo o poder e com sinais e prodígios mentirosos, e com todas as seduções da iniquidade para aqueles que se perdem, porque por sua culpa não abraçaram o amor da verdade para serem salvos” (2 Ts 1:10).
Destas e de outras citações, interpretadas à luz dos comentários dos teólogos da Igreja, pode chegar-se às seguintes conclusões:
a) O Anticristo virá nos últimos tempos, antes da Parusia.

b) Será uma pessoa real, não um demônio encarnado ou um homem aparente.

c) Será um indivíduo (o homem de iniquidade, o filho de perdição) e não uma coletividade ou série de pessoas, apesar de que terá muitos seguidores.
d) Seduzirá muitos por sua pregação, prodígios e mentiras.

e) Será morto pelo “sopro da boca”, que simboliza o mandato divino, pelo qual Nosso Senhor Jesus Cristo realizará a morte do Anticristo.
f) Sua vinda postergar-se-á até que desapareça um misterioso obstáculo que o detém cuja natureza é ainda desconhecida. Os comentaristas não sabem se é uma pessoa ou um objeto. Alguns dizem que esse obstáculo é o decreto divino que ainda não permite a aparição do Anticristo, outros falam de São Miguel Arcanjo. Mas todos os exegetas reconhecem a impossibilidade de chegar-se a uma certeza a respeito.
Fora dessas conclusões, não se pode saber nada com certeza a respeito do Anticristo e do tempo de sua vinda.

5. A aparição de Elias e Enoque

“É outro sinal misterioso”. A respeito de Elias, a Sagrada Escritura diz o seguinte: “Eis que vos enviarei o profeta Elias, antes que venha o dia grande e horrível do Senhor. E ele converterá o coração dos pais aos filhos, e o coração dos filhos a seus pais; para não suceder que venha e fira a terra com anátema” (Ml 4:5-6). E em outro lugar: “Tu [Elias], de quem está escrito que no tempo dos julgamentos virás para abrandar a ira do Senhor, para reconciliar o coração dos pais com os filhos, e para restabelecer as tribos de Jacó”. Também, ao descer do monte Tabor no dia da transfiguração: “E os discípulos o interrogaram, dizendo: Por que dizem, pois, os escribas que Elias deve vir primeiro? E ele, respondendo, disse-lhes: Elias certamente há de vir, e restabelecerá todas as coisas” (Mt 17:10-11). De Enoque diz a Sagrada Escritura: “E [Henoc] andou com Deus e desapareceu, porque Deus o levou” (Gn 5:24).

E o próprio apóstolo Paulo diz: “Pela fé foi arrebatado Henoc deste mundo, para que não visse a morte, e não foi encontrado, visto que Deus o arrebatou” (Hb 11:5).

Agostinho – aplicam a Elias e Enoque o misterioso episódio das duas testemunhas que lutarão contra o Anticristo e serão mortos, para depois ressuscitar gloriosamente: “E darei às minhas duas testemunhas o poder de profetizar, revestidas de saco, durante mil, duzentos e sessenta dias. (...). E, depois que tiverem acabado de dar o seu testemunho, a fera, que sobe do abismo, fará guerra contra eles, e vencê-los-á, e matá-los-á” (Ap 11:3-13). Todavia, outros expositores sagrados dão outras interpretações muito diversas, pelo que é forçoso concluir que nada absolutamente se pode afirmar sobre esse particular.

6. Grandes calamidades naturais e públicas

Nosso Senhor fala de guerras e catástrofes: “Ouvireis falar de guerras e de rumores de guerras. Olhai, não vos turbeis; porque importa que estas coisas aconteçam, mas não é ainda o fim. Porque se levantará nação contra nação, e reino contra reino, e haverá pestilências, e fomes, e terremotos em diversos lugares. E todas estas coisas são o princípio das dores” (Mt 24:6-8). Alude também a fenômenos no céu: “E, logo depois da tribulação daqueles dias, escurecer-se-á o sol, e a lua não dará a sua luz, e as estrelas cairão do céu, e as potestades dos céus serão abaladas. E então aparecerá o sinal do Filho do homem no céu” (Mt 24:29-30).
Em outro texto indica “E haverá sinais no sol, na lua e nas estrelas, e na terra consternação dos povos pela confusão do bramido do mar e das ondas” (Lc 21:25),

recordando assim as palavras do profeta Joel: “E farei aparecer prodígios no céu e na terra, sangue e fogo, e turbilhões de fumo. O sol converter-se-á em trevas, e a lua em sangue, antes que venha o grande e terrível dia do Senhor” (Jl 2:30-31).
Porém, os exegetas concordam todos em dizer que a interpretação dessas palavras está cheia de dificuldade e mistérios.
Quais são esses sinais ? Não é fácil saber, porque os sinais que lemos no Evangelho, como diz Agostinho, não pertencem unicamente à vinda de Cristo para o juízo, mas também ao tempo da destruição de Jerusalém, e ao advento com que Cristo visita continuamente sua Igreja.
De tal modo que, nenhum deles se pode ter como pertencente ao futuro advento, porque os sinais que se listam no Evangelho, como guerras, terrores e coisas semelhantes, já existiram desde o princípio do gênero humano; a não ser que se diga que então se agravarão mais e mais.
Até que ponto o crescimento dessas catástrofes, anuncia a proximidade da vinda de Cristo, é coisa completamente incerta.

JÁ CHEGOU O FIM DO MUNDO?

Tratemos de aplicar o dito, na medida em que possamos, à situação do mundo de hoje. Parece claro que já se pregou o Evangelho no mundo inteiro, especialmente com os meios de comunicação atuais, através dos quais se pode chegar a informar-se desde qualquer lugar do orbe.
Tampouco se pode negar que a apostasia geral da fé cristã é uma realidade, tanto no nível das sociedades como dos indivíduos. Já não existem países cristãos e poucos são os que continuam professando a fé cristã em sua integralidade. Os próprios homens da Igreja, inspirados por um espírito neomodernista, fizeram-se colaboradores de uma
“apostasia silenciosa”.

Quanto aos quatro outros sinais da Parusia, por outro lado, não se pode afirmar que já se cumpriram, embora pareça indiscutível que os tempos atuais são propícios para a vinda do Anticristo.
Portanto, ainda em nossos dias, se verifica o que Nosso Senhor dizia a seus Apóstolos: “Vigiai, pois, porque não sabeis o dia nem a hora” (Mt 25:13).


CONCLUSÃO

Como esperar o fim do mundo?

Citemos umas palavras de Paulo aos Tessalonicenses, que convencidos falsamente da iminência da Parusia, estavam cheios de terror e abatimento.

Ao invés de estimulá-los ao bem, o pensamento do fim do mundo turbava-os e paralisava sua vida espiritual. Alguns descuidavam de seu dever de estado, deixavam levar-se pela indiferença, com a mesma apatia com a que o condenado à morte espera, desconsolado, sua degolação.

Paulo escreveu sua segunda Epístola aos Tessalonicenses para lutar contra esse espírito destrutivo que leva ao desânimo: “Ouvimos dizer que alguns entre vós andam inquietos, nada fazendo, mas ocupando-se em coisas vãs”. “Permanecei, pois, constantes, irmãos, e conservai as tradições que aprendestes”. “E o mesmo Nosso Senhor Jesus Cristo (...) console os vossos corações, e os confirme em toda a boa obra e palavra”. “O Senhor, pois, dirija os vossos corações no amor de Deus, e na paciência de Cristo”. “Não vos canseis nunca de fazer bem” (2 Ts 2-3).

Atualmente, continua existindo a mesma tentação. Ao ver que se cumpriram alguns sinais da Parusia, poderíamos adotar uma atitude passiva, desesperada, nessa crise que sacode a Igreja.

Pensar dessa maneira é esquecer que não temos ainda nenhuma certeza a respeito da iminência da Parusia. Seria “cansarmo-nos de fazer o bem”, ao contrário do que nos pede Paulo.

Não é tempo de se baixarem os braços. Confiemos na graça, e deixemos a tentação do desânimo ao ver a amplitude e dificuldade da obra, recordemos que, pela ajuda divina, David venceu Golias. “Lutemos, e Deus dará a vitória!”


Data publicação: 15/01/2017