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Soundbytes 8 - O Poder da Música (4)
Defendendo a tese de que certos estilos de música têm o mesmo valor moral (bom ou mau) em qualquer cultura ou situação, indepentemente da sua letra, encontramos Kurt Woetzel e Frank Garlock. Woetzel, o ministro de música que foi co-autor do livro “Music in the Balance” (o título sugere tanto a ideia de avaliação da música, como a de equilíbrio) junto com Garlock, oferece uma citação de uma entrevista pessoal com Robert Shaw, um dirigente altamente respeitado e de renome do século 20, que disse: “Creio que todas as artes têm capacidade moral (no inglês: “are moral”, o que não significa que têm moralidade positiva, mas simplesmente têm capacidade de ser boas ou más). Não podemos entender como qualquer arte pode ser neutra”. Porém, a afirmação de que a música é definitivamente capaz de comunicar uma mensagem de conteúdo moral (independentemente das letras), não conclui a questão.
Ao contrário do que muitos supõe, não há evidência para sustentar a proposta de que a capacidade de comunicação moral é inerente nos elementos da música (melodia, harmonia, ritmo etc.), nem nas partes ainda menores que compõem tais elementos. Assim como a tinta em uma tela pode ser usada para levar uma boa ou má mensagem, os elementos da música também não são bons ou maus em si mesmos. É necessário combinar estes elementos de som de uma maneira em particular para que estes possam levar uma “mensagem”. Além deste fato, a cultura do ouvinte é a lente interpretativa pela qual os sons se comunicam. Assim como os padrões da linguagem humana, que precisam ser conhecidos para que a mensagem seja compreendida, a mensagem dos sons musicais também será compreendida corretamente por aqueles que pertencem à cultura que os usa (por meio de canto ou música instrumental).
Gilbert Rouget, o musicologista francês do século 20 que escreveu o livro Music and Trance (Música e Trance), tendo estudado profundamente as relações entre a música usada em tribos africanas e o trance (ou possessão), fez certas observações relacionadas à nossa cultura: “ . . . o que precisamos de lembrar é que a música tem um impacto físico sobre o ouvinte, e que ela produz uma modificação sensorial na sua conciência de ser. Este impacto físico, é claro, é o que a música pop esta conscientemente buscando.” Esta afirmação é usada às vezes para defender a tese da moralidade absoluta de estilos de música. Porém, esta não é a real mensagem do estudo de Rouget, como se pode observar neste artigo do Dr. John J. Pilch sobre a tese do livro de Rouget:
“Rouget nega que a música causa estado de trance “diretamente.” A música é, pelo contrário, somente um dos muitos componentes que causam o estado de trance. É frequentemente um elemento essencial, mas outros fatores culturais também entram no quadro. Estes fatores variam de sociedade para sociedade. Além disso, até o mesmo fator, como o da música, funciona diferentemente em sociedades diferentes, de maneira que é difícil generalizar (o relacionamento; nota minha) entre a música e o trance. Em uma sociedade, o iniciador (trigger – gatilho em inglês) para o trance pode ser música suave; em outra pode ser som alto. Em uma sociedade, ritmos rápidos podem induzir trance, enquanto em outra, ritmos lentos são preferíveis.
Rouget então não atribui o poder de levar alguém a um trance aos tipos específicos de música usadas para um ritual, mas conclui que as expectativas culturais dos indivíduos colaboram com a música para levar ao resultado esperado.
Eu proponho então a seguinte visão: que um estilo de música (assim como um estilo de arte visual na tela) não leva consigo somente UMA possível mensagem de conteúdo moral, mas esta mensagem depende dos valores e costumes de uma sociedade em particular (a cultura) à qual ele pertence, sendo capaz de ser utilizado como instrumento moral negativo ou positivo. No próximo artigo, tentaremos filtrar toda a informação destes últimos quatro números, e buscar uma visão que seja exclusivamente bíblica.
Elcio Portugal, B. M. e M.M.
Ministro de Música da Igreja Batista do Bom Retiro, Ipatinga, MG
5 de setembro de 2015
elelportugal@gmail.com
031-8631-1939
16/09/2015
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